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"Aqui (...) as personagens gravitam flutuando, levitam pairando, tudo menos mantendo os pés assentes no chão. Não são fantasmas em visita à coutada dos humanos, são humanos que descolaram a ponto de poderem exibir o seu lado espectral.Não obstante uma recorrente referência, em boa parte da sua obra, ao elemento marítimo que marca a pátria que para si elegeu, os quadros-jangada, os quadros-andor, os seus quadros-altar, os quadros-rasto-e-resto, os quadros-louvor, etc. que vem assinando são quase sempre marcados por essa impossibilidade de assentar em terra firme (...). Eu sei a matéria ardente dos telhados e dos passeios, a convulsão das janelas, a tosse incurável das portas, mas ignoro isso que ele sabe e mostra: os seres, os acontecimentos, as necessidades, os arbítrios numa utópica fusão com o ar do lugar. E cada coisa, nessa novidade de organização, pode aspirar a viajar e a vir a encontrar-se, não apenas fora do sítio, mas curada do vício de se ficar por onde está."
Regina Guimarães,
Livraria Poetria
poetriablog.wordpress.com
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